segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ano Novo, Vida Nova!?

Saudações futebolísticas meus amigos. Após (mais) uma longa ausência, eis que venho com uma nova publicação, na qual irei abordar o que foi 2011 (esta época) a nível nacional e o que poderá vir a ser 2012.

Por terras de Viriato, chegamos ao fim de 2011 com o campeonato mais equilibrado e competitivo dos últimos anos. Porto e Benfica estão empatados na 1ª posição, Sporting está um pouco mais atrás, mas pelo menos apresenta um futebol de qualidade que lhes poderá permitir a reaproximação ao duo de líderes e ainda há o Braga que, embora não esteja ao nível que nos habituou nas últimas épocas, continua a ser uma equipa extremamente competitiva e com cultura de vitória. O Marítimo que andou tantas jornadas a morder os calcanhares do Sporting e do Braga, começa agora a perder pontos que afastam a equipa destes adversários, mas mantêm-se bem dentro dos lugares "europeus".

O F. C. do Porto tem tido uma época absolutamente atípica, se tivermos em conta aquilo que tem sido a norma nas últimas décadas. O facto de ocupar o primeiro lugar do campeonato não disfarça a inconsistência e, por vezes, gritante falta de fio de jogo dos azuis e brancos. A principal consequência desta realidade foi a eliminação da Liga dos Campeões e da Taça de Portugal (para o FCP, perder por 3-0 é algo raríssimo e que assume proporções gigantes quando tal acontece frente à Académica!). Na Champions, foi eliminado num grupo no qual era cabeça de série e, de longe, a equipa com mais pergaminhos e qualidade. Salvou-se o facto de terem ficado em 3º  e, dessa forma, terem transitado para a Liga Europa, onde têm a oportunidade de defender o título conquistado na última temporada. No entanto, azar dos azares, vão ter de jogar a 1ª eliminatória frente ao todo poderoso Manchester City de Agüero, Balotelli, David Silva, Dzeko e companhia.
O treinador continua a não convencer os sócios e simpatizantes dos dragões, apesar dos votos de confiança de Pinto da Costa. Também se nota alguma falta de motivação em alguns jogadores como Álvaro Pereira (não ter sido transferido para o Chelsea deixou-o claramente contrariado), Varela (ser suplente de James e agora até de Djalma em ano de Europeu não traz grande motivação), Cristian Rodriguez (pouco utilizado, confrontou o treinador o que parece ter aberto as portas para a saída, não deixando de ser curioso que é precisamente no momento em que é colocado na montra para atrair interessados que começa a jogar à bola como poucos...). As recentes opções para o onze titular, também têm gerado alguma controvérsia. Jogar com Maicon a defesa direito quando há Fucile e Sapunaru (até Otamendi tem mais rotinas na posição) é, no mínimo contestável.
Outro aspecto que, certamente contribuiu para tamanha falta de consistência nas exibições do Porto, foi o facto de a saída de Falcao não ter sido devidamente colmatada. Kléber e Walter continuam a ser jogadores interessantes, mas longe de terem a capacidade para assumir o centro do ataque. Têm-se falado em vários nomes para reforçar o ataque em Janeiro, mas por enquanto não há nada confirmado.
Esperemos que o Porto entre em 2012 com outra motivação e confiança, de forma a poder bater-se em todas as frentes.

O Benfica está a fazer uma época francamente positiva, estando na primeira posição da Liga (com os mesmos pontos do Porto) e tendo carimbado a passagem para os oitavos de final da Champions em primeiro lugar do seu grupo (convém relembrar que o Manchester United fazia parte do grupo e foi recambiado para a Liga Europa).
A qualidade do futebol apresentado está longe daquilo que foi quando foram campeões em 2010, mas estão muito mais regulares e consistentes do que na época passada, o que lhes tem permitido estar na linha da frente nas principais competições em que está envolvido (excepção da Taça de Portugal na qual caiu aos pés do Marítimo). Para 2012, têm a possibilidade de defender o título da Taça da Liga, lutar pelo campeonato e avançar na Champions, mediante os adversários que lhes toquem (o Zenit está perfeitamente ao alcance, embora não seja pêra doce).
Para a bela época que as águias têm vindo a realizar, muito têm contribuído jogadores como Aimar, Cardozo, Garay, Artur, Javi García, Nolito, Gaitán e Rodrigo. De Nico Gaitán, diz-se que poderá rumar ao Manchester United, clube que a meu ver poderia potenciar as suas qualidades, cada vez mais a pedir outros palcos mais imponentes. É importante salientar que o Benfica há muito que joga sem Luisão, capitão e peça fulcral da equipa, sem que isso tenha afectado o desempenho dos encarnados.
Jorge Jesus parece ter melhorado a sua postura pública, aparentando estar mais afável no contacto com a imprensa e aparenta ter perdido alguma da sobranceria que na época transata manifestou e que contribuiu para que o Benfica desiludisse em praticamente todas as frentes. No entanto, JJ mantém-se fiel aos seus "princípios", nomeadamente de que o fair-play é uma treta (o vídeo que circula na internet de Jesus a correr pela linha de fundo, a berrar com Artur para que este se deitasse no relvado, para queimar tempo no jogo frente ao Sporting provam isso mesmo), o que é francamente lamentável.
Para as águias desejo que mantenham a "bitola", de forma a dignificar o nome de Portugal na Champions e a lutar pelo título de campeão nacional.

O Sporting, como já frisei numa publicação anterior, está de cara lavada. Têm jogado regularmente bem, tendo carimbado a passagem para a fase a eliminar da Liga Europa sem sobressaltos e estando na luta pelo campeonato, embora a seis pontos dos dois da frente e com apenas dois de vantagem sobre o Braga.
Têm-se destacado van Wolfswinkel, Schaars, Carrillo, Capel, Elias e Insúa entre os reforços, mostrando que os responsáveis leoninos acertaram nas contratações para esta época. E tendo em conta as lesões que têm fustigado o plantel verde e branco (Jéffren, Matías Fernández, Rinaudo, Rodríguez e o forever lesionado Izmailov), é de louvar que os leões tenham conseguido manter-se na luta em todas as frentes (é o único dos 3 grandes que ainda está na Taça de Portugal).
Falta ao Sporting conseguir recuperar fisicamente os atletas acima mencionados e, talvez reforçar o plantel com um ou dois jogadores em Janeiro. Bojinov não se tem mostrado uma alternativa à altura de Wolfswinkel e Diego Rúbio não tem sido aposta de Domingos, o que sugere a possível contratação de um ponta de lança. Outra contratação a ter em conta seria para o meio campo. A lesão de Rinaudo, aliada à pouca utilização de André Santos, deixam o Sporting orfão de um médio defensivo de raiz, posição que a meu ver deveria ser reforçada.
Domingos Paciência está a provar que foi uma aposta ganha da direcção, recolocando a equipa a praticar bom futebol e, acima de tudo, a ganhar jogos e a entusiasmar a exigente plateia de Alvalade. O jovem técnico continua dar cartas, pavimentando o caminho que poderá ser o do sucesso.
Em 2012, penso que o Sporting manterá o nível exibicional e acredito mesmo que venha a conquistar títulos esta época.

De resto, saliento as excelentes campanhas que Marítimo (5º classificado e responsável pela eliminação do SLB da Taça, caindo depois aos pés do Sporting), Académica (6º classificado e semi-finalista da Taça de Portugal às custas, por exemplo, do Porto), Beira-Mar (7º classificado e com um dos planteis com menos "nomes de peso" da Liga) e Gil Vicente (recém promovido ocupa a 8ª posição do campeonato) têm sido as sensações até ao momento, apresentando resultados acima do esperado no início da época.
No verso da medalha, as desilusões. Nacional da Madeira, clube que nos habituou a vê-lo lutar pela Europa e batendo o pé aos grandes, ocupa a 14ª posição apenas um lugar acima da linha de água. A outra decepção tem sido o Paços de Ferreira. Equipa sensação da última época é agora o lanterna vermelha. A saída de Rui Vitória para o Vitória de Guimarães deixou a nau pacense à deriva, de tal forma que já vão no 3º treinador esta temporada.

Despeço-me com uma previsão para 2012. Correndo o risco de estar enganado, pressinto que o Rio Ave vai ser a sensação da segunda metade da época. Os vilacondenses estão na penúltima posição, mas têm um treinador (Carlos Brito) que já está mais do que habituado a revolucionar o futebol da equipa de um momento para o outro e possuem um plantel recheado de qualidade, entre a experiência de jogadores como Gaspar, Zé Gomes, João Tomás ou Braga e a juventude e irreverência de miúdos como Yazalde, Kelvin ou Atsu.

P.S.: Falta uma palavrinha de apoio à selecção. Colocada no grupo da "morte" do Europeu, a equipa de todos nós irá bater-se com a Alemanha (para mim é a melhor selecção mundial, depois da Espanha), a Holanda que é só vice-campeã do mundo e a Dinamarca (precisamente a equipa que nos atirou para o playoff). CR7 e companhia têm qualidade para seguir em frente na competição, mas será preciso aquela estrelinha de sorte que acompanha os "campeões" para passar ao "mata-mata" e ter a possibilidade de lutar pela vitória final. Mas acredito que, passando aos quartos de final Portugal só parará na final!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Portugal, Portugal... Do que é que estás à espera?

Já falei de vários assuntos, várias equipas, vários campeonatos. Mas ainda não me referi a Selecções, nomeadamente, à selecção portuguesa.

Como sabem, Portugal falhou o apuramento directo para a fase final do Euro 2012, a decorrer na Polónia e na Ucrânia. Podia ter terminado em primeiro lugar do seu grupo, se tivesse empatado ou vencido a última partida, frente à Dinamarca, segunda classificada do grupo. Infelizmente perdeu, de forma justa, por 2-1. Realizou uma exibição muito pobre, coroada com vários erros defensivos e uma tremenda falta de criatividade na frente de ataque. 
Avaliando os jogadores que foram seleccionados, podemos concluir que agora temos mais problemas de excassez de opções, do que para a posição de ponta de lança. Com o caso Ricardo Carvalho, Portugal viu-se com uma surpreendente falta de opções para uma das posições que não tenho lembrança de falta de alternativas. Sem o defesa do Real Madrid, o centro da defesa portuguesa tem apenas dois jogadores de topo, com qualidade para servir os interesses da selecção. Pepe e Bruno Alves são as escolhas óbvias na ausência de Carvalho. Não havendo a possibilidade de usar um deles (como aconteceu com a Dinamarca), o senhor que se segue é Rolando. O central do Porto é um bom defesa, mas sem muita técnica e é um pouco duro de rins. Com a Dinamarca notou-se ainda outro defeito. Em luta aérea, com jogadores de estatura semelhante, tem muitas dificuldades. O outro escolhido para esse jogo foi Sereno, defesa central do Colónia. O alentejano é rápido, tem técnica suficiente para passar por um lateral razoável, mas falta-lhe leitura de jogo e capacidade de antecipação para estar ao nível que é exigido para Portugal. E com 26 anos de idade, começa a perder margem de manobra para melhorar esses aspectos. Que outras alternativas tem Portugal para a posição? Poucas, pelo menos não vejo muitas no imediato. Tonel, de quem se falou que poderia ser o escolhido para render Ricardo Carvalho, já tem 31 anos e, a meu ver, nunca apresentou futebol que chegue para ser uma opção viável. De resto, vejo nomes como Daniel Carriço, Manuel da Costa, Miguel Vítor, Nuno André Coelho, Fábio Faria, Nuno Reis, Roderick Miranda e André Pinto como os nomes que têm saído das escolas de formação em Portugal, com trajectos regulares nas selecções jovens. Deles todos, os que mais prometeram foram Carriço e da Costa. O primeiro foi apontado como uma das maiores esperanças  da Academia do Sporting, tendo chegado a capitão de equipa após a saída de João Moutinho para o Porto. No entanto, com a crise que afectou os leões nas últimas épocas, o central parece ter estagnado na sua evolução. Esta época começou mal para ele, embora agora tenha aproveitado as lesões de alguns companheiros de equipa para se mostrar em bom plano novamente. Manuel da Costa é um caso de talento desperdiçado. O jogador que nasceu em França, fez a sua formação no Nancy, estreou-se na equipa principal muito novo e assumiu o papel principal numa luta entre as Federações de futebol francesa e portuguesa. Ganharam os lusos, o que raramente acontece. Kévin Gameiro é habitualmente convocado e há jovens como Vincent Nogueira à espera de uma oportunidade. Mas este tipo de situações serão abordadas mais à frente. Da Costa passou por PSV Eindhoven, Fiorentina, West Ham, sem que se conseguisse impor em nenhuma das equipas, estando agora na Rússia, onde parece ter reencontrado o bom futebol.
No meio campo, também se nota a falta de um criativo, que possa construir o jogo ofensivo da selecção. Rui Costa já lá vai e Deco também. Sobram Carlos Martins, Rúben Micael, João Moutinho e, a meu ver, Danny. O jogador do Zenit costuma ser utilizado como extremo na selecção, quando eu penso que poderia render mais se actuasse como nº10. Desde que Rui Costa abandonou a selecção que não há um verdadeiro médio ofensivo a organizar o jogo português. Deco preferia pegar no jogo mais atrás, tendo sido no momento da transição do Maestro para o Mágico, que Portugal abandonou o sistema em que jogava desde o Euro 2000, o 4-2-3-1, para passar a jogar em 4-5-1, desdobrável em 4-3-3. Passou de jogar com dois pivots defensivos, para apenas um, entregando a organização do jogo a dois médios box-to-box. Na conjuntura actual, penso que talvez fosse possível voltar ao 4-2-3-1, com Meireles e Moutinho como médios mais recuados e Danny nas costas do ponta de lança, onde o mesmo se sente mais à vontade e onde actua no Zenit. Dos escalões de formação, têm saído quase sempre médios com as características de um box-to-box. André Santos, Adrien e André Martins do Sporting, David Simão e Rúben Pinto do Benfica e Castro e Josué do Porto são os médios "criativos" que têm surgido. No Mundial de sub-20, o meio campo português era composto por Sérgio Oliveira (escolas do Porto), Danilo Pereira (escolas do Benfica) e Pelé (escolas do Belenenses), todos eles com características defensivas. Falta criatividade, tanto no drible como na construção de jogo, que já só se vê em jogadores como Moutinho, Carlos Martins, Meireles, Hugo Viana, Rúben Micael e Danny. E nenhum destes se aproxima do género de jogadores que eram Rui Costa e Deco, no que a construção de jogo diz respeito.
A tradicional posição crítica de Portugal, é a de ponta de lança. Postiga e Hugo Almeida são os preferidos de Paulo Bento e, os números apresentados na fase de apuramento por eles, justificam a aposta. Nuno Gomes tem sido o 3º homem. Agora no Braga, o antigo capitão do Benfica tem feito alguns golos, tendo recaído nas graças do seleccionador. No entanto, as suas chamadas reacendem um tema que parece nunca cair no esquecimento. João Tomás, goleador do Rio Ave, que marca golos com enorme regularidade, mas não parece fazer o suficiente para convencer P. Bento. Tem praticamente a mesma idade que N. Gomes, mas o estatuto e prestígio são muito diferentes. Nos últimos anos apareceram Orlando Sá, Rabiola, Yazalde, Rui Fonte, Saleiro, Yannick Djaló, Nelson Oliveira, João Silva, etc. Uns prometeram mais que outros, mas tenho as minhas dúvidas que algum deles se torne numa presença assídua nos próximos anos. 

A FPF tem de repensar a sua estrutura de futebol jovem. Sensibilizar os clubes para a formação e, colaborar com a Liga para limitar o número de jogadores extra-comunitários a actuar em Portugal. Tem, também, de apostar numa remodelação dos escalões jovens da própria federação. Os passos que levaram à conquista dos dois títulos mundiais de juniores, passaram por manter um núcleo duro de jogadores desde tenra idade até aos sub-20. Hoje em dia, vemos as convocatórias das selecções jovens a variarem consoante o jogador que está na moda. A introdução de ex-jogadores da "geração de Ouro" nos quadros da FPF, parece apontar nesse sentido, mas foi com Ilídio Vale a comandar as operações, que Portugal foi 2º classificado no último Mundial de Sub-20. Um homem com muitos anos de escalões jovens, tanto na selecção como no Porto, um professor, à semelhança de Nelo Vingada e Carlos Queiroz. E é desse tipo de homens que as selecções jovens precisam. De homens formados, com uma capacidade pedagógica acima da média, pois nessas idades formam-se homens para além de jogadores. 
Outra estratégia a ter em conta, passa pelo aproveitamento de jogadores de descendência portuguesa. Como já falamos, a FPF já o fez no passado, tendo travado algumas "batalhas" com outras federações. Manuel da Costa lá optou por representar a equipa das quinas, mas há outros que poderiam ser grandes "reforços" e recusaram o convite (Gameiro). No passado, Robert Pires e Corentin Martins, representaram a selecção francesa, sendo que o primeiro fez uma carreira de grande relevo. Convém avançar para este tipo de jogadores, quando eles estão com 15, 16 anos, para ter tempo de os sensibilizar, não quando já têm 18, 19 anos, e jogam nas primeiras equipas dos seus clubes, estando sujeitos a grande exposição. O papel das famílias é fundamental, pois se não for incutido um certo patriotismo, torna-se difícil para os jovens terem qualquer tipo de vontade de jogar por Portugal.
A naturalização de jogadores é outra via que tem sido seguida pela FPF. Deco, Pepe e Liedson, são casos de jogadores sem antepassados portugueses imediatos, que foram naturalizados, sendo que os dois primeiros, eu aceito a sua utilização. Vieram jovens para Portugal, tendo feito a fase final da formação cá e ficaram seleccionáveis com 24, 25 anos, ou seja, com muitos anos pela frente para poder ajudar a selecção. Deco esteve nos Europeus de 2004 e 2008 e, nos Mundiais de 2006 e 2010. Pepe marcou presença no Euro 2008 e Mundial 2010 e, a correr bem, marcará presença no Euro 2012. Liedson foi utilizado Mundial 2010, mas a sua idade e regresso ao futebol brasileiro fazem com que não seja uma alternativa viável. Não podemos ser obtusos ao ponto de fechar a porta a jogadores naturalizados. O futebol é multi-cultural, repleto de nacionalidades, jogadores africanos e sul-americanos que saem com 18/19 anos para a Europa, acabando por poder vir a representar outros países. Na Alemanha há Klose, em Itália, Camoranesi fez um trajecto interessante pela squadra azzura, Marcos Senna em Espanha, etc. Concordo com a utilização exclusiva de jogadores nascidos e/ou criados em Portugal, mas só se houver qualidade e quantidade suficiente.

Agora vamos disputar o play-off de apuramento frente à Bósnia-Herzegovina (mesmo adversário do play-off do último mundial), depois de falhar o apuramento directo, fruto de um arranque desastroso. É um adversário complicado, cada vez mais ao nível da Croácia e Sérvia. Homens como Dzeko, Pjanic e Ibisevic, são prova da qualidade que existe naquele país dos Balcãs. É um adversário complicado, mas ao alcance de Portugal, desde que não haja sobranceria na abordagem à eliminatória.
Com os jogadores actuais, se não houver lesões, Portugal deverá apresentar um grupo capaz de lidar com a pressão das duas mãos. No entanto, estamos muito limitados. Há qualidade mas não em quantidade. Para a baliza temos o jovem Rui Patrício, que parece ser a melhor escolha para o presente e futuro. Eduardo é suplente no Benfica (péssima decisão do guarda-redes em rumar aos encarnados), Beto está na Roménia, onde a visibilidade é muito pouca. Daniel Fernandes nunca confirmou o que prometeu e, agora joga no Panserraikos, por empréstimo do Panathinaikos. Quim está numa idade avançada, longe de reentrar de forma convincente nas opções de Paulo Bento. Também não há muitos jovens por aí que constituam grandes esperanças. Mika, actualmente no Benfica e guarda redes da selecção no último Mundial de sub-20, é o mais promissor. Ventura do Porto, parece estar longe do nível exigido para representar uma equipa como Portugal, apesar de já ter sido convocado. Na defesa, estamos bem servidos nas laterais, com Bosingwa (espero que Paulo Bento o convoque), João Pereira, Fábio Coentrão e Eliseu (em jogos de menor grau de exigência). O centro da defesa já foi discutido, resta apenas dizer que é preciso dar oportunidades aos jovens, para que joguem com regularidade e provem o seu valor. No meio campo temos Miguel Veloso, Raul Meireles, João Moutinho, Carlos Martins, Rúben Micael, Manuel Fernandes, Paulo Machado, André Santos, Rúben Amorim e Danny (falta o tal criativo). Nas alas continuamos com excelentes jogadores como Ronaldo e Nani, habitualmente secundados por Varela e Quaresma. Penso que Hélder Barbosa do Braga está a começar a justificar uma convocatória e que Vieirinha há muito que merece uma. Quanto ao centro do ataque já se sabe que não são muitas as opções, mas penso que Nelson Oliveira e João Silva são os que mais prometem actualmente, podendo vir a merecer uma oportunidade, quem sabe, na próxima fase de apuramento.

Reformular escalões de formação, melhorar a prospecção de jogadores seleccionáveis no estrangeiro e aproveitamento de jogadores com dupla nacionalidade numa idade jovem são as medidas que Portugal pode tomar para voltar a ter um número considerável de opções de qualidade.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

The road so far...

Começo por pedir desculpas aos seguidores deste blog por não publicar artigos há bastante tempo. Vocês os dois merecem mais!

Ora bem, aqui vou analisar as prestações e momentos de forma dos 3 grandes, do intruso do costume e da surpresa do campeonato. Também vou referir as perspectivas de futuro para estes clubes e que erros cometeram e, também que decisões tomaram que potenciaram a qualidade das respectivas equipas.

BENFICA
As águias estão a fazer um campeonato dentro das expectativas. Estão na primeira posição, empatados com o F.C. do Porto, e na Champions também estão na liderança do seu grupo.
Até ao momento, as exibições do Benfica têm sido regularmente positivas, embora sem encantar. As melhores prestações foram frente ao Manchester United e F.C. do Porto e, ambas traduziram-se em empates. 

Em Agosto, critiquei a política de contratações do Benfica por considerar que era má gestão dos encarnados comprar um número tão grande de jogadores, sem se darem ao trabalho de contratar dois jogadores de qualidade para cada posição (no mínimo). Até ao momento ainda não houve nenhuma situação em que se constatasse alguma fragilidade gritante na composição do plantel, se bem que já houve alguns sinais. Com a recente lesão de Maxi Pereira, sobram dois jogadores com rotinas de lateral direito no plantel. Mas, nenhum deles é lateral! Rúben Amorim que é médio centro e Miguel Vítor que é defesa central. Quanto a mim, nem Amorim que tem mais rotinas na posição me convence. Na outra faixa lateral surge outro problema. Emerson tem sido o titular indiscutível de Jesus, tendo disputado todas as partidas à excepção da 2ª jornada do campeonato. Capdevilla, campeão europeu e mundial pela Espanha, não conta para JJ, o que na verdade nem é tão surpreendente assim. Afinal de contas, com o que se passou com Nuno Gomes na época passada, já tinha dado para perceber que para o treinador do Benfica, os jogadores têm um prazo de validade e, o espanhol tendo 33 anos, está longe de figurar nas preferências de Jesus. Isto acaba por ser mais um erro de casting. Os dirigentes, sabendo a aversão que Jesus tem a jogadores na casa dos 30, deveriam ter procurado alguém com uma folha salarial mais modesta, e com margem de progressão. Mas a vontade de poder dizer que contrataram um titular da melhor selecção do mundo falou mais alto. Emerson, que foi expulso frente ao Basileia (num jogo em que fez uma exibição bastante pobre), não tem ninguém que possa substituí-lo no próximo jogo europeu, visto que Capdevilla nem inscrito na Champions foi!

No entanto, reconheço que com alguns ajustes em Janeiro e com cuidados redobrados na condição física dos jogadores, o Benfica poderá realizar uma época muito boa.

PORTO
O campeão em título está muito abaixo das expectativas, especialmente na Liga dos Campeões. Para o campeonato lá vai em primeiro lugar, empatado com o arqui-inimigo, embora sem realizar exibições verdadeiramente convincentes. 

Também o Porto cometeu erros no mercado de transferências. Renovar contrato com Falcao, tornando-o num jogador com um salário irreal para a realidade portuguesa, para vendê-lo abaixo da recém estabelecida cláusula de rescisão, pode parecer uma boa jogada, mas para mim penso que foi mal pensado por Pinto da Costa. Podiam ter precavido esta situação, renovando antes do final da época, tinham a cláusula estabelecida mais cedo e podiam tratar de contratar um substituto atempadamente. Assim, acabaram por ter que tratar de todas estas negociações a poucos dias do final do mercado de transferências, o que impediu o clube encontrar alguém capaz de fazer esquecer El Tigre (o que já seria extremamente difícil, mesmo que tivessem tratado de tudo uns meses antes). As contratações de Danilo e Alex Sandro, também acabam por ser caprichos de PC, pois foram contratados para posições que não estavam fragilizadas. É verdade que Álvaro Pereira esteve muito perto de rumar ao Chelsea, o que faria com que a contratação de Alex Sandro fosse uma jogada de antecipação. Acaba por ser um mal menor, visto que Emídio Rafael só voltará a competir na próxima época, uma vez que foi esta semana sujeito a nova operação. 

Em termos de futebol jogado, os dragões estão muito longe daquilo que demonstraram na época passada. Não se pode dizer que a equipa esteja mais fraca, mesmo com a saída de Falcao a não ser colmatada. As outras áreas do terreno foram reforçadas com jogadores de qualidade e com margem de progressão, como Defour, Mangala, Iturbe, entre outros. Nota-se é uma falta de confiança e motivação, o que nunca sucedeu na época passada. No campeonato, os serviços mínimos têm sido assegurados, mas na Liga dos Campeões o rendimento da equipa está muito aquém do desejado, embora ainda seja perfeitamente possível remediar os acidentes de percurso que tiveram até ao momento. Falta é saber se Vítor Pereira terá estofo para dar a volta aos acontecimentos. 

BRAGA
Os bracarenses têm realizado uma época bastante semelhante à do Porto. Para o campeonato estão dentro das expectativas, estão até com mais pontos do que no mesmo período da época passada. Na Liga Europa têm desiludido um pouco, visto que, são de longe a equipa com mais qualidade do seu grupo.

O plantel sofreu mais uma revolução, fruto da época histórica que realizaram. A defesa foi o sector que mais se ressentiu, sendo que, dos habituais titulares da temporada passada, não ficou um único jogador! O encaixe financeiro foi fundamental e permitiu-lhes reunir um plantel que, na teoria, lhes permitirá realizar uma época à semelhança dos últimos anos. No entanto, parece-me que o clube não fará grande prestação na Europa, em virtude da inexperiência da defesa e até do próprio treinador. Aliás, prevejo o mesmo destino para o F.C. do Porto.

Acredito que o Braga será mais uma vez a 4ª potência portuguesa, mas sem o fulgor demonstrado em temporadas passadas, em particular no período em que Domingos esteve à frente da equipa.

MARÍTIMO
Os insulares têm sido a grande surpresa até ao momento. Sem participação nas competições europeias, pode centrar todas as atenções nas competições nacionais e, quiçá, realizar uma época sem percalços e a morder os calcanhares aos grandes. 

Não se verificaram muitas alterações no plantel, o que até é raro no Marítimo. Isto garantiu uma maior estabilidade, consolidada pela manutenção do treinador (excelente trabalho realizado por Pedro Martins). Outra razão para o excelente arranque de campeonato dos verde-rubros foi a permanência de Babá. O jogador foi contratado pelo Celtic de Glasgow mas, devido ao facto de que a transferência foi finalizada muito em cima do fecho do mercado de transferências, foi acordado que o senegalês só viajará para a Escócia em Janeiro. Até ao momento, o ponta de lança já apontou 6 golos, sendo o melhor marcador da Liga, a par de Cardozo. 

O Marítimo dificilmente conseguirá manter esta forma até ao final da época mas, se conseguirem colmatar a partida de Babá, terão excelentes probabilidades de assegurar um lugar europeu, ainda por cima se tivermos em conta os maus inícios de época do Vitória de Guimarães e Nacional da Madeira, outros candidatos à Europa.

SPORTING
Bem, costuma dizer-se que o melhor fica para o fim e, neste caso, fica para o fim a equipa que, na minha humilde e modesta opinião, melhor futebol está a praticar em Portugal. O Sporting operou uma revolução drástica no plantel, fazendo all-in esta época! 

Foram contratados 14 novos jogadores, mais o regresso de André Martins de empréstimo e a inscrição de Ilori. No total são 16 novas caras num plantel com 26 jogadores! Gastaram vários milhões de euros, realizando um investimento bastante elevado, como há muito não se via em Alvalade, tendo pulverizado o recorde de transferências do clube, ao contratar Elias ao Atlético de Madrid, por 8.850.000€! Apesar de Godinho Lopes e os seus homens fortes para o futebol, Luís Duque e Carlos Freitas, apenas terem concretizado uma das várias promessas eleitorais (Rodríguez), conseguiram contratar jogadores de qualidade acima da média, jovens e com margem de progressão. van Wolfswinkel, Capel, Elias, Carrillo (que bela surpresa), Rinaudo, Jeffrén, Bojinov, Schaars e companhia vieram conferir maior qualidade e equilíbrio ao plantel. Domingos Paciência confirmou que as duas épocas em que esteve à frente do Braga não foram obra do acaso, o que faz com que o jovem treinador português esteja finalmente a convencer gregos e troianos que ainda duvidavam das suas qualidades.
Apesar de um início de campeonato a fazer lembrar os últimos (penosos) anos, foi em Paços de Ferreira que se deu o momento de viragem. A perder por 2-0, já a meio da segunda parte, o Sporting (motivado pela expulsão de um jogador adversário) operou a reviravolta no marcador, vencendo uma partida num dos terrenos mais complicados da liga. A excelente exibição realizada frente ao Vitória de Setúbal, na jornada seguinte, catapultou os leões para uma série que já vai em 9 vitórias consecutivas (campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa), o que deixa o Sporting na segunda posição da competição, empatado com Braga e Marítimo, a apenas 3 pontos do duo de líderes e, com apenas 3 partidas disputadas, os verde e brancos já garantiram a passagem aos 16 avos de final da Liga Europa (primeira vez que tal sucede numa competição europeia). Devo admitir que estou ansioso pelo confronto entre Sporting e Benfica, pois creio que tem potencial para ser mais um jogo épico, como os célebres 3-6 para o Benfica ou os 5-3 para o Sporting.

A continuar assim acredito que o Sporting estará na luta pelo campeonato até ao final, ombreando com Porto e Benfica (e talvez até o Braga), o que é aquilo que é preciso para o futebol português manter-se ao nível elevado que demonstrou na última década. 

Bem vindo de volta Sporting, já tinha saudades!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Revolução

O que dizer da política de contratações do Benfica para a nova época? Será inteligente contratar tão elevado número de jogadores? Será que os encarnados precisam de reformular de tal forma o seu plantel? São as questões que têm ocupado a mente de muitos adeptos das águias.

Alguns dos nomes já são conhecidos, ou pelo menos falados há vários meses. Daniel Wass (defesa direito, internacional sub-21 dinamarquês), André Almeida (médio centro/defesa direito, internacional sub-21 português), Bruno César (médio ofensivo brasileiro), Nemanja Matic (médio centro/trinco, internacional A pela Sérvia) Nolito (médio ala/extremo espanhol), Nuno Coelho (médio defensivo, internacional sub-21 português) e Rodrigo Mora (avançado centro, internacional A pelo Uruguai), são nomes confirmados e/ou falados há vários meses. Contratações que foram feitas de forma atempada, precavendo intromissões de terceiros, que pudessem desviar os jogadores da rota da luz. Mas, destes nomes, poucos deveram ficar no plantel. Bruno César, Matic e Nolito, têm lugar garantido. Wass, Nuno Coelho e Rodrigo Mora talvez fiquem, se provarem ser mais valias. André Almeida deverá ser emprestado (fala-se na União de Leiria). No entanto, falta referir os nomes que surgiram após o final da época, nomes mais sonantes: Artur Moraes (guarda-redes brasileiro, ex-Braga); Mika (guarda redes internacional sub-20 português, ex-Leiria); Ezequiel Garay (defesa central internacional A argentino, ex-real Madrid); Enzo Pérez (médio ala/extremo internacional A argentino, ex-Estudiantes); Axel Witsel (médio ofensivo internacional A belga, ex-Standard Liège). São nomes que entusiasmam e que agradam à maioria dos adeptos. Agora destaco os jogadores que regressam após empréstimo e que têm hipóteses de ficar no plantel: Urreta (médio ala/extremo); Rodrigo (avançado centro); David Simão (médio ofensivo/ala esquerdo); Nelson Oliveira (ponta de lança); Miguel Vítor (defesa central); Fábio Faria (defesa central). São atletas que têm valor e margem de progressão que podem justificar a inclusão no plantel.  Mais recentemente, surgiram os nomes de Eduardo (guarda redes da selecção portuguesa), Capdevilla (defesa esquerdo campeão da Europa e do Mundo pela Espanha) e Emerson (defesa esquerdo do campeão francês Lille). Jogadores com qualidade para jogar no Benfica, sem dúvida alguma. E ainda há aquelas compras de ocasião, jogadores de baixo custo, que poderão evoluir e/ou render retorno financeiro, como Leo Kanú (emprestado ao Belenenses) e Melgarejo (emprestado ao Paços de Ferreira). 12 jogadores contratados, 6 que regressam de empréstimos e poderão ficar e fala-se em mais 3, que deverão ser confirmados em breve. 21 jogadores que não estavam no plantel a época passada. E penso que deverão chegar mais em breve. 

No entanto, não se verificaram muitas saídas significativas até ao momento. Roberto (o Sr. 8,5 milhões e meio) deverá rumar ao Saragoça por empréstimo; Júlio César também deverá ser emprestado (ou até mesmo vendido), Moreira já saiu para o Swansea. Com a contratação de Eduardo, ficam 3 guarda-redes, logo, esta posição ficará equilibrada. Na defesa, saíram Sidnei, que foi emprestado ao Besiktas, Fábio Coentrão, que forçou a saída para o Real Madrid e Luís Filipe que foi dispensado. No centro do terreno, Airton foi emprestado ao Flamengo, Salvio regressou ao Atlético de Madrid e Felipe Menezes emprestado ao Botafogo. O ataque viu sair Weldon para o Cluj, Kardec emprestado ao Santos e o capitão Nuno Gomes para o Braga. Até ao momento, visto que ainda faltam limar algumas arestas no que diz respeito a dispensas e contratações, o Benfica tem 38 jogadores (alguns ausentes na Copa América)!

A defesa está claramente desequilibrada, o meio campo tem excesso de opções e o ataque peca por falta de alternativas credíveis aos habituais titulares. Para os encarnados que foram campeões há apenas duas épocas, bastou um ano com resultados desportivos aquém das expectativas, para cair no erro de comprar em demasia, sem antes definir e resolver quem sai. Isto poderá resultar em vendas a preços de saldo ou saídas a custo zero, só para poderem emagrecer o plantel e, gastos em contratações superiores aos lucros obtidos com vendas. A gestão desportiva e financeira esta época parece-me mal feita. Isto, pelos mesmos homens responsáveis por terem colocado o Benfica no caminho certo há tão pouco tempo atrás.
Acredito que até 31 de Agosto consigam reduzir o plantel para números próximos dos 26/27 jogadores que Jesus pretende ter no plantel, mas não sei até que ponto é que o plantel terá 2 jogadores de raiz por posição, como costuma ser essencial para obter uma equipa equilibrada e com qualidade. 

O principal erro da época passada foi esse. Maxi Pereira tinha Luís Filipe para lutar pelo lugar, mas não havia luta real, dada a diferença de valores. Na esquerda, as alternativas a Coentrão eram César Peixoto (mal amado na Luz) e, a partir de Janeiro Lionel Carole, internacional sub-20 francês, mas que deverá ser emprestado esta época. No meio campo só Salvio era extremo de origem, com qualidade para servir os interesses do clube. Gaitán disfarçou muito bem o facto de ser um nº 10. Mas quando estes se lesionavam, não havia quem conseguisse fazer esquece-los. No ataque, com a fraca produtividade de Cardozo e Saviola, as apostas recaíam sempre em Jara e Kardec. O primeiro ainda mostrou ter potencial, ao passo que o segundo desiludiu a cada oportunidade. Weldon nunca mostrou valor para fazer parte do plantel. Nuno Gomes marcou golos em praticamente todas as chances que teve, mas nem isso foi suficiente para que Jesus conseguisse ultrapassar o estigma da idade do capitão, o que acabou por levar à sua saída. Com o mau planeamento do plantel, o Benfica só conseguiu ganhar a Taça da Liga. Agora resolveram passar do 8 ao 80, passando a ter um excesso de jogadores no plantel. 

Agora, a pergunta que se coloca é se as águias conseguiram chegar ao início do campeonato com um plantel equilibrado, com opções válidas para todas as posições, sem excessos nem défices de quantidade e qualidade, de forma a poder reentrar na luta por títulos e a limpar a má imagem deixada na última edição da Liga dos Campeões.

sábado, 25 de junho de 2011

O Poder do Dinheiro

André Villas Boas já não é treinador do Futebol Clube do Porto. O jovem técnico foi contratado no início da semana pelos ingleses do Chelsea, graças à "persuasão" de Roman Abramovich. 15 milhões de euros, foi quanto custou a transferência, a maior de sempre de um treinador. Villas Boas tem nova cadeira de sonho, esta paga a peso de ouro.

Ao longo da época que findou, foram-se intensificando os rumores sobre interessados e possível transferência do agora, ex-treinador dos dragões. Liverpool, Inter de Milão, Juventus e, obviamente o Chelsea, foram os clubes de maior nomeada a serem associados ao técnico. De todos, aquele que sempre pensei que de facto teria hipóteses reais de o contratar, era o Chelsea. 
Os clubes italianos não parecem aperceber-se ou reconhecer do real valor de jogadores e treinadores portugueses. Recusam-se sempre a aproximar-se dos valores pedidos, afirmando que são preços desmedidos e que não estão de acordo com o real valor dos activos em questão. Daí já não se verem grandes jogadores portugueses a rumarem ao Calcio, como em tempos aconteceu com homens como Rui Costa, Futre, Fernando Couto, Dimas ou Sérgio Conceição. 
Quanto ao Liverpool, acredito que os novos donos vissem com bons olhos a chegada de AVB, mas a maioria dos adeptos não perdoaria a "traição" a "King" Kenny Dalglish, antiga glória dos reds (tanto como jogador como treinador), homem que surgiu no lugar de Roy Hodgson e ressuscitou o Liverpool. Além de que gastar 15 milhões num treinador, retiraria alguma margem de manobra ao clube para se movimentar no mercado em busca de reforços, algo que o Liverpool necessita.
Sobrava, portanto, o Chelsea. Orfão de treinador, depois da saída de Carlo Ancelotti, e sempre endinheirado graças aos bolsos fundos do seu proprietário russo. 15 milhões por um treinador pode parecer (ou até mesmo ser) uma exorbitância por um treinador, mas era o preço que estava estabelecido na cláusula de rescisão de Villas Boas, e sabendo-se a vontade de Pinto da Costa em manter o técnico, era o preço a pagar. E durante muito tempo, parecia mesmo que o casamento entre clube e treinador ia durar pelo menos mais um ano, tantas foram as manifestações de afecto e lealdade entre um e outro. Mas o dinheiro fala mais alto do que clubismo. 

Villas Boas tem agora um desafio enorme pela frente, e talvez ainda seja demasiado precoce para o assumir. Não ponho em causa a competência do treinador, bem pelo contrário. Questiono-me é se o mesmo será capaz de conseguir lidar com a pressão do dinheiro que custou e que vão custar os reforços que pedir a Abramovich. Porque Villas Boas não é Mourinho, não tem aquela capacidade para carregar com tudo às costas, libertando os jogadores da pressão (ou pelo menos ainda não a revelou). Se só a sua contratação custou 15 milhões, imagine-se se Falcao e Moutinho forem para o Chelsea, como se tem falado. Pinto da Costa já afirmou que ninguém será negociado, ou seja, quem quiser comprar, terá de pagar o que está previsto nas cláusulas. O colombiano custa 30 milhões e o centro-campista português 40 milhões. O goleador acredito que não será difícil ir parar aos blues. A relação qualidade/preço, juntamente com a idade e o rendimento apresentado nas duas épocas que leva na Europa, muito provavelmente fazem dele a melhor compra possível para qualquer grande clube em busca de um ponta de lança de topo. Agora quanto a Moutinho, a história é outra. Moutinho não é um artista, alguém que encante as plateias com fintas, golos e passes de morte. É antes um jogador discreto, mas trabalhador, lutador, com qualidade técnica e táctica que lhe conferem enorme importância nas manobras da equipa. Mas é discreto. E Abramovich para aceitar pagar 40 milhões por um médio, se calhar prefere alguém com outro estatuto, mais reconhecido internacionalmente. Caberá a Villas Boas (se o interesse for real) convencer o novo patrão das qualidades do nº 8 portista. Quanto a Hulk nem vale a pena falar. Nem o magnata russo é louco o suficiente para pagar 100 milhões. E PC, visivelmente chateado com a saída de AVB, deverá manter a palavra e não negociar abaixo das cláusulas de rescisão. Ainda para mais, estando tão iminente a saída de Falcao e de outros jogadores considerados negociáveis, como Fernando e Rolando.

Agora a questão que se coloca é a seguinte: estará o FCP tão forte como na época passada? Não sei. Villas Boas parece-me um motivador por excelência (desta característica ele não se pode desmarcar de Mourinho), capaz de virar o rumo de um jogo com uma palestra ao intervalo. Mas não ganhou o que ganhou sozinho. Vítor Pereira já foi treinador principal, embora o patamar mais elevado que atingiu (até ser promovido no Porto) foi treinar o Santa Clara na Liga de Honra. Mas enquanto esteve à frente dos açorianos, lutou pela subida até às últimas jornadas e, com a sua saída, o Santa Clara nem lá perto andou esta época. Teve um ano intenso, repleto de vitórias, durante o qual ele "bebeu" experiência de AVB, tal como ele "bebeu" da dele. Estas foram palavras usadas pelo novo treinador dos dragões, aquando da sua apresentação, tentando dar a entender que Villas Boas não foi o único responsável pelos sucessos da época. Quanto a Pinto da Costa, a aposta em Vítor Pereira pode ser encarada como uma de risco, mas a verdade é que o presidente portista já havia elogiado o novo técnico antes, dando a entender que ele poderia vir a ocupar o "trono do dragão", quando Villas Boas saísse. 

Agora com 15 milhões extra para gastar, aos quais se poderão juntar pelo menos mais 30, o FCP terá margem de manobra para se reforçar de forma convincente para a nova época, especialmente se tivermos em conta que o clube já tem 3 ou 4 reforços contratados desde Janeiro, provando que não tinha grande necessidade de realizar encaixe financeiro para atacar o mercado. Resta agora esperar pela nova época e ver se não acontece o mesmo que aconteceu na era pós-Mourinho, em que o dragão parou de respirar fogo durante uma época.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Champions League

Antes de mais, quero começar por explicar o porquê de só agora comentar a final da Champions... Ao contrário de muitos bloggers, eu tenho vida social! Posto isto, aqui vai:

O vencedor foi aquele que já se esperava. Muito se disse antes da final, especialmente da parte do Barcelona, que não eram favoritos, que tinham medo do Manchester, que os ingleses estavam mais fortes do que em 2009, etc e tal. Muita areia para os olhos. Falsa modéstia até. O Barça é a melhor equipa do mundo. Não há contestação possível quanto a isso. Quando jogam bem, jogam o melhor futebol que eu alguma vez vi ser jogado. Quando jogam mal, jogam melhor que a maior parte das outras equipas. No dia 28 de Maio, jogaram bem!

Ora bem, tal como em 2009, começou melhor o Manchester United, criando algumas situações de perigo, dando a ilusão de que poderia fazer frente aos catalães. Mas não passou disso mesmo, uma ilusão. Mesmo depois de terem igualado o marcador (bom golo de Rooney), passado pouco tempo depois de Pedro ter feito o primeiro para o Barcelona, o Barça nunca deixou de ter o controlo da partida. Na segunda parte foi o que se viu. Domínio total dos blaugrana, com o futebol rendilhado do costume, o tão enervante e, ao mesmo tempo, espectacular tiki-taka com que submetem todos (ou quase todos) os seus adversários.

Avaliando individualmente as principais figuras do jogo, começo pelo mais óbvio. Lionel Messi é o melhor jogador do mundo da actualidade. Custa-me um pouco ter que admitir isto, visto que sou português e aprecio muito as qualidades de Cristiano Ronaldo, mas tenho que me render perante as evidências. Mesmo não tendo sido brilhante (também não foi preciso), Messi foi determinante. Um golo e uma assistência fizeram dele o MVP da final. Mas a verdadeira estrela do jogo foi a equipa do Barcelona, pois fizeram uma exibição colectiva fenomenal. Mas voltando a Messi, o astro argentino já pode ir reorganizando as prateleiras lá de casa para juntar mais um troféu de melhor jogador do mundo. No ano passado não o justificou, mas este ano não restam grandes dúvidas de que voltará a arrebatar a Bola de Ouro. Deixando a Pulga de lado, passo para o outro lado da barricada. Wayne Rooney, de longe um jogador que merece mais e melhor da parte dos Red Devils. O inglês foi dos poucos que conseguiu remar contra a maré, que ainda conseguiu dar esperança aos adeptos do United, de que seria possível vencer. Mas quando não há mais ninguém a acompanhar, torna-se difícil. E isto leva-me a outra figura da partida, pela negativa. Alex Ferguson, surpreendeu tudo e todos com opções questionáveis quanto ao onze inicial. Nani, que foi dos, senão mesmo, o jogador mais regular do Manchester esta época, ficou no banco. Só para a Premiership, o internacional português marcou 9 golos e fez 18 assistências (recorde da Premier League). Contudo, já se sabia que havia a possibilidade de Nani não jogar de início, visto que a relação entre jogador e treinador já viu melhores dias. No entanto, podia acontecer que Ferguson engolisse um pouco do seu orgulho e optasse por apresentar os melhores jogadores de início, mas pelos vistos "burro velho não aprende truques". Mas, talvez ainda mais surpreendente do que deixar Nani no banco, foi a opção de nem sequer sentar Dimitar Berbatov no banco de suplentes! E logo o búlgaro que foi, apenas e só o melhor marcador da liga inglesa!!! Assim fica difícil ganhar.

Sendo assim, ganhou aquela que foi de longe a melhor equipa da final. Agora, quanto ao trajecto dos espanhóis até à final, houve momentos menos dignos. A expulsão forçada de van Persie em Camp Nou, quando o jogo com o Arsenal ainda estava empatado a zero (os ingleses tinham ganho em casa por 2-1), condicionou claramente os londrinos. Mas pelo decorrer da partida, penso que não seria necessário o árbitro dar esse empurrãozinho, pois o Arsenal estava a ser de tal forma sufocado que era apenas uma questão de tempo até o Barça marcar. E depois a meia final com o Real Madrid. Já muito foi dito sobre as arbitragens de ambas as partidas, nomeadamente por José Mourinho. O problema não está necessariamente no que foi dito, mas antes na forma como foi dito. Pessoalmente eu destaco dois momentos, um em cada partida. A expulsão de Pepe na primeira mão parece-me injusta. Não estou aqui a colocar em causa se houve ou não contacto, pois na verdade parece-me que houve (embora Daniel Alves tenha teatralizado um pouco). Mas a entrada de Pepe seria, na minha opinião, apenas merecedora de cartão amarelo, pois trata-se de uma entrada de pé em riste, sem maldade. Nestas situações é habitual mostrar um pouco de bom senso e analisar a situação de forma inteligente. Mas não foi o caso e o Barça aproveitou. Na segunda mão, há um golo anulado ao Real de forma absolutamente ridícula. Ronaldo que vai embalado sofre um toque, desequilibra-se e cai, tocando no calcanhar de Mascherano com as costas. A bola sobra para Higuaín que faz o golo, mas a jogada é anulada por falta de Ronaldo sobre o capitão da argentina. Isto com o jogo empatado. Decisões dúbias da arbitragem que parecem ser tomadas com o intuito de proteger os catalães, mas estes não precisam deste tipo de contribuição. A eles, basta jogar aquilo que sabem e pronto.

Agora, o próximo desafio que espera o novo Dream Team, é a Supertaça Europeia frente ao F. C. do Porto. Dificilmente o Barça perderá para o Dragões, mas quem tem Hulk e Falcao (entre outros) pode sempre sonhar com uma gracinha.

Aquele abraço

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Domingos e Sporting

Eis que finalmente se confirmou o que já todos sabíamos. Domingos Paciência é o novo treinador do Sporting. Um profissional jovem, ambicioso e, como já todos pudemos constatar, competente.

Domingos parece-me a escolha mais acertada possível para orientar os leões, num momento tão delicado como este. A crise de resultados, títulos, mas acima de tudo, a crise de exibições do Sporting exigia uma aposta deste género. Ora senão vejamos: a crise sportinguista teve início há duas épocas, quando Paulo Bento iniciou a sua 4ª temporada ao serviço dos verde e brancos. Saiu ao fim de 2 ou 3 meses, pela porta pequena, tendo sido vítima de uma enorme injustiça, não só pelos adeptos (mas já se sabe que estes são sempre os primeiros a exigir a "cabeça" do treinador), mas especialmente pela direcção. Meses antes, aquando da eleição de José Eduardo Bettencourt como Presidente do Sporting, JEB afirmou que o seu treinador era e, passo a citar, "Paulo Bento forever"! Durante o mercado de transferências pouco ou nada se viu da parte dos leões, sendo que a contratação mais sonante foi Matías Fernández, sem dúvida um jogador talentoso, mas cujos "vícios e costumes" sul-americanos lhe causavam muitas dificuldades para se afirmar no futebol europeu (fracassou no Villarreal por alguma razão). Paulo Bento teria, mais uma vez, de orientar um plantel cada vez mais escasso em qualidade, quando comparado com os dos principais rivais. Quando a situação se tornou insustentável para o actual seleccionador nacional, foi substituído por Carlos Carvalhal.

Este último é um verdadeiro caso de estudo. Treinador aparentemente competente, obteve excelentes resultados, orientando equipas com orçamentos baixos e jogadores com pouco cartel. Levou o Leixões à final da Taça de Portugal em 2002, quando os leixonenses militavam na 2ª Divisão. Passados alguns anos, assumiu os destinos do histórico Vitória de Setúbal, atingindo o 5º lugar no campeonato e vencendo a primeira edição da Taça da Liga. Isto numa época em que o objectivo dos sadinos passava pela manutenção. Excelentes resultados com recursos escassos. Mas quando se apanha a orientar um plantel de qualidade, de um clube com títulos em vista, parece que não sai da cepa torta. Primeiro o Braga, ao serviço do qual desiludiu muito, tendo abandonado o projecto alegando problemas pessoais. Seguiu-se o grande desafio da carreira, chamado Sporting. Pegou numa equipa que não escolheu, é certo. Mas até aquela data, era sem dúvida o grupo de jogadores mais talentoso que alguma vez orientou. E teve direito a algo que o seu predecessor não teve. Reforços! O Sporting que no início da época não tinha dinheiro para contratar jogadores para preencher lacunas gritantes do plantel, era agora o mesmo que tinha 3,5 milhões de euros para contratar João Pereira ao Braga e 6,5 milhões e para contratar Sinama-Pongolle ao Atlético de Madrid. Mais uma vez fracassou. A equipa jogou mal, falhou todos os objectivos e nem o 3º lugar foi capaz de assegurar, consequência, também, de uma temporada excepcional do Braga, orientado por... Domingos!

Nova época, novo treinador, novo erro de casting. Paulo Sérgio fora contratado ao Vitória Sport Clube (ou Vitória de Guimarães), quando ainda faltavam 5 ou 6 jornadas para o final da época. Tamanha pressa em assegurar um treinador e anunciar essa contratação tão cedo, seria compreensível se se tratasse de um grande nome. Mas não era esse o caso. Paulo Sérgio (curiosamente, também ele com o nome Bento lá pelo meio) havia feito um trabalho interessante no Paços de Ferreira e no Vitória, mas não tinha atingido um nível ou resultados que justificassem a aposta leonina. Arriscaram num treinador sem experiência a lidar com momentos de grande pressão, até mesmo quando era jogador. Mas também ele foi vítima de uma política de contratações sem critério por parte do Sporting. Exemplo mais flagrante: Paulo Sérgio afirma publicamente que a equipa precisa de ser reforçado com um "pinheiro" para o ataque, entenda-se um ponta de lança alto e forte fisicamente, algo que não havia no plantel. E o que é que lhe sai na rifa? Tales, médio de ataque brasileiro com uns "impressionantes" 165 cm! Para piorar, numa entrevista cedida recentemente pelo ex-treinador do Sporting ao jornal "A Bola", este afirmou que tinha chumbado a contratação de Tales por considerar que não tinha qualidade nem se enquadrava naquilo que queria para a equipa. Aguentou enquanto pôde, mas inevitavelmente acabou por sair. Seguiu-se José Couceiro, contratado semanas antes para ser dirigente, via-se forçado a assumir o banco de Alvalade. Foi aguentar o barco até ao final do campeonato, alcançando o 3º lugar, objectivo mínimo estabelecido.

Agora segue-se Domingos Paciência. E o que faz de Domingos um treinador diferente dos seus antecessores, para que possa ser visto como uma solução para a crise? Primeiro: os resultados estão à vista. Em duas épocas no comando do Sporting de Braga, Domingos alcançou a melhor classificação de sempre do clube no campeonato, ficando em 2º lugar e, para além de ter marcado presença na Liga dos Campeões (onde, segundo a UEFA, foi o melhor clube estreante de sempre da competição), alcançou a final da Liga Europa, eliminando alguns gigantes futebolísticos do "Velho Continente". Segundo: enquanto jogador, Domingos fez uma carreira de muito bom nível. Foi várias vezes campeão português ao serviço do Futebol Clube do Porto, passou pelo campeonato espanhol (embora ao serviço do modesto Tenerife) e foi várias vezes internacional por Portugal, tendo marcado presença no Euro 96. Esta carreira permitiu-lhe aprender a lidar com a pressão de vencer, fazendo dele uma pessoa preparada para obter resultados. Terceiro: é português, logo está identificado com o nosso campeonato e as suas especificidades. Conhece bem o plantel do Sporting e as suas lacunas e, sabe que não é preciso ir muito longe, nem gastar muito dinheiro para contratar bons jogadores para servir os leões.

Daí que se possa esperar muita actividade entre o Sporting e outros clubes portugueses, no que diz respeito a transferências. A meu ver, Domingos insistirá na contratação de pelo menos um defesa central (para além do quase garantido Albert Rodríguez, seu jogador no Braga, fala-se em Alex Silva do São Paulo), um defesa esquerdo (Evaldo deverá manter-se, mas Grimi deve receber guia de marcha) e pelo menos dois ou três médios (o número poderá variar de acordo com a táctica que ele quiser implementar). Quanto a avançados, só vejo Postiga e Djaló com condições para continuar. Logo, deverão chegar 2 ou 3 nomes para a frente de ataque (fala-se muito em Bobô do Besiktas). Se lhe derem autonomia para decidir quem se adequa melhor aos interesses do Sporting, ele poderá ter sucesso. Mas, se pelo contrário, não o deixarem ter uma voz de peso na política de contratações, o tiro poderá sair pela culatra! Deve ser o treinador a indicar os jogadores que quer à direcção e nunca o oposto. O problema é que o Sporting é gerido por novos elementos. Pessoas que prometeram nomes sonantes e que agora têm de os apresentar. Mas de que serve ao Sporting contratar jogadores com um nome conhecido, se não conhecem a realidade do futebol português? Bobô e Alex Silva poderão vingar. Não terão o problema da barreira linguística e têm compatriotas no plantel que podem facilitar a adaptação. Agora jogadores como Wendt, defesa esquerdo do Copenhaga e Zahavi, médio ofensivo do Hapoel Tel Aviv, não me parecem opções muito inteligentes. Há quanto tempo não vemos um jogador nórdico a vingar em Portugal? E quantos israelitas há por essa Europa fora, que se possam considerar jogadores de sucesso? O melhor para o Sporting seria apostar no que de bom há em Portugal. Precisam de centrais? Para além de Rodríguez, Felipe Lopes do Nacional ou Paulão do Braga, são jogadores com provas dadas e qualidade constatada. Querem um lateral esquerdo para fazer concorrência ao Evaldo? Bruno Teles do VSC é um jogador a ter em conta. Médios/Extremos? Targino, João Ribeiro, João Aurélio, Bruno Gama, Mihelic, Skolnik, Luís Alberto, entre outros. Avançados? Babá ou João Silva podem ser opções. Este tipo de política de contratações já foi adoptado no passado e com bastante sucesso. José Mourinho quando treinou o Porto contratou jogadores como Derlei, Tiago, Nuno Valente (todos ao Leiria), Paulo Ferreira (Vitória Futebol Clube), Maniche (perdido na equipa B do Benfica) e Pedro Mendes (Vitória Sport Clube). À excepção de Tiago, todos os outros foram apostas ganhas, jogadores que foram fundamentais nas conquistas do clube.

Jogadores portugueses (ou que actuem em Portugal) de qualidade, e dois ou três jogadores estrangeiros que se assumam como claras mais valias, seriam as apostas mais seguras e inteligentes que o Sporting poderia fazer. No entanto, a primeira contratação dos leões para a nova época, parece indicar que não será esse o caminho a seguir. André Carrillo, promissor jogador peruano. Um atacante, que pode jogar descaído sobre uma ala ou no centro do ataque. Um jovem de 19 anos, que nunca jogou fora do Peru e que agora vem para um clube que, em condições normais, tem toda a legitimidade para ambicionar títulos, todas as épocas. Parece-me arriscado. Agora fala-se em Rinaudo, um médio defensivo argentino. É internacional pelo seu país, mas o Luís Loureiro também foi internacional por Portugal em mais do que uma ocasião. Sabem quem é ele? Pois...

Resumindo e concluindo, para que Domingos Paciência tenha condições para recolocar o Sporting no caminho certo, é preciso que o deixem escolher os reforços, que o deixem identificar as os sectores que precisam de ser reforçados. Ele já provou que quando o deixam limar as arestas, as coisas correm bem. No início da época que agora findou, Domingos viu o Braga com um excesso de jogadores nuns sectores e jogadores a menos noutros. Oportunidades de negócio que o ambicioso Presidente bracarense não quis desperdiçar. Porém, o futebol real é bem diferente do Football Manager. Não é possível ser bem sucedido, comprando tudo o que mexe! Em Janeiro, foram "despachados" inúmeros jogadores, dando origem a um plantel mais curto, mas mais equilibrado e sem excessos. Em compensação, foram efectuadas aquisições cirúrgicas que permitiram dotar o plantel com mais qualidade. A primeira volta desapontante do Braga deu lugar ao que se viu. Luta pelo 3º lugar até à última jornada e final da Liga Europa. Portanto, para que o Sporting volte a ser grande, basta não inventar, não comprar por comprar.

Resta-me desejar boa sorte a Domingos Paciência e ao Sporting Clube de Portugal, pois ambos merecem ter sucesso.